Prémio Infante D.HenriqueEra uma vez uma medalha. Uma medalha grande, dourada e reluzente.
Esta medalha esperava ansiosamente, como todas as outras medalhas, por se pendurar no pescoço de alguém. Representava o Prémio Infante D. Henrique, versão portuguesa do Prémio Duque de Edimburgo, fundado em 1956. Esta medalha era importante e, como devem imaginar, um bocadinho sobranceira. Não era para ser pendurada em qualquer pescoço e ela, vaidosa do brilho que emanava, sabia disso muito bem.
Servir a comunidade, em horas de voluntariado. Exibir um talento. Praticar desporto. Mostrar liderança, solidariedade e respeito pelo próximo. Desafios difíceis. Quem os superasse, seria o escolhido. Em troca, as honras que ela tinha para oferecer: reconhecimento de várias universidades e empresas e um curriculum abrilhantado pelo seu dourado.
Claro que ela, a medalha de que vos falo, nunca pensou ir parar ao pescoço do Domingos. Sabia onde ele morava, sabia da sua história, sabia de todos os desafios que enfrentara até chegar ali. Era pouco provável, pensava ela, deixando-se levar mais uma vez pela vaidade de medalha importante.
Mas o Domingos sabia o que tinha que fazer. Organizou-se, superou-se. Mostrou a todos na casa que era possível. Sem nunca perder aquela leveza, que parece tornar fáceis todos os desafios difíceis.
Naquele dia, o pescoço em que a penduraram, era o seu.
Quando levantou a cabeça, os seus brilhos confundiram-se. E ele segurou-a como quem segura um objeto familiar, há muito conhecido.
E agora, quando é a próxima?- ouvimo-lo dizer.
Afinal, a medalha era do Domingos mas a vaidade...essa sempre foi só da medalha.